Exportações de aço da China caem pelo segundo mês consecutivo

As exportações de aço da China caíram acentuadamente pelo segundo mês consecutivo em setembro, uma tendência de baixa que deve ser bem recebida por rivais globais, que reclamaram do excesso de suprimentos do maior produtor mundial do metal.

As exportações de aço da China caíram 22% ano a ano durante o mês, para 8,80 milhões de toneladas, enquanto as importações de cobre caíram 26% no ano para 340.000 toneladas. Apesar do blip, as exportações de produtos de aço no período de janeiro a setembro ainda subiram 2,4% no comparativo anual.

Analistas dizem que pode ser muito cedo para interpretar a tendência como uma mudança fundamental na oferta e na demanda.

A queda nas exportações provavelmente resultou de interrupções temporárias de produção para limpar o ambiente antes de eventos internacionais, como a cúpula do G-20 no mês passado, bem como uma recuperação doméstica na demanda por imóveis, disseram analistas.

As importações de minério de ferro aumentaram 8% durante o mês, mantendo uma tendência de alta à medida que a produção doméstica do material siderúrgico diminuiu em meio à falta de competitividade contra grandes produtores internacionais e uma restrição antipoluição. As importações de petróleo bruto também subiram para o nível mais alto este ano em setembro.

“Devido a uma série de exposições e fóruns internacionais realizados na China este ano, as restrições ambientais temporárias aos produtores de aço resultaram em algum aperto na oferta”, disse Laura Zhai, diretora da Asia-Pacific Corporates, Fitch Ratings. “Assim que essas restrições forem suspensas, a oferta aumentará, pois a maioria dos produtores será lucrativa com os preços atuais.”

À medida que a economia da China desacelerou, seu excesso de capacidade foi cada vez mais levado para o exterior. Os fabricantes europeus e norte-americanos apresentaram inúmeras reclamações nos últimos anos, alegando que seus concorrentes chineses estão exportando produtos de aço a preços injustamente baixos.

Os líderes mundiais concordaram durante o verão que a superprodução de aço é um problema global e endossaram a criação de um organismo internacional para monitorá-lo.

A China respondeu prometendo cortar de 100 milhões a 150 milhões de toneladas de capacidade de aço nos próximos anos. Mas com a China respondendo por quase 50% da produção global, o corte de capacidade removerá apenas um terço de seu excesso de produção. Quase um quarto da capacidade anual de aço estimada da China é excedente.

A produção de aço da China caiu 2,3% para 804 milhões de toneladas no ano passado, que foi a primeira queda desde 1981 - apenas cinco anos após a morte do líder comunista Mao Zedong - no maior produtor de aço do mundo. O consenso entre os analistas era que a produção de aço cairia novamente assim no ano em 2,5-5%, mas na verdade a produção de janeiro a agosto de cerca de 537 milhões de toneladas métricas está praticamente estável ano a ano.

As siderúrgicas chinesas reativaram as capacidades ociosas à medida que os preços subiram este ano devido à melhora na demanda por imóveis e às medidas de estímulo do governo para infraestrutura. Mas essa demanda se deparou com ventos contrários, já que várias cidades chinesas impuseram medidas para esfriar o mercado.

Até o momento, cerca de 21 cidades chinesas impuseram restrições ao mercado imobiliário. “Espero que isso se amplie, mas o momento é difícil de dizer”, disse Su Aik Lim, diretor sênior da Asia-Pacific Corporates, Fitch Ratings.

Poucos acreditam que o excesso de oferta se dissiparia em breve e sustentaria uma alta nos preços do aço.

“É improvável que vejamos uma forte alta nos preços do aço. Pode haver alguma fraqueza no preço do aço ainda, especialmente se [o] setor de construção residencial desacelerar novamente ”, disse Rajiv Biswas, economista da IHS de Cingapura.

Por BIMAN MUKHERJI

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